quinta-feira, 26 de agosto de 2010

CONTEMOS HISTÒRIAS!...

Neste mundo em reboliço,anima-me a ideia, de que se fala ainda em histórias e contadores das mesmas.Pessoas que se empenham deste modo, a não deixar morrer o passado e falar das injustiças passadas e presentes,sem descuidar as coisas boas que a vida tem e que nem sempre damos por elas.

Era apenas um sonho...
O relógio despertador acabava de tocar. Era o princípio de mais um dia de labuta. Maria Clara levantou-se,e depois de cuidar da sua higiene, foi para a cozinha tratar dos pequenos almoços. Levantou a persiana, abriu as vidraças e ficou para ali... estava tudo tão sereno!... Só uma aragem muito suave se manifestava, agitando as rosas duma roseira que havia no jardim em frente de sua casa. Que bem se sentia!... Sobressaltou-se;porém,quando viu as horas,ainda tinha que cuidar de Terezinha sua
filha. Luis o marido, despachava-se à pressa,já não era cedo.
-Maria Clara, estão prontas? -perguntava.
-sim, mais ou menos-Respondia esta. E numa correria, lá seguiam.
Luis tinha uma pequena mercearia. Antes de abrir a porta deixava a filha e a esposa na escola, onde esta era professora. Terezinha estava no seu primeiro ano escolar, na sala ao lado daquela onde a mãe dava aulas.
Maria Clara mal entrou na sala, começou a encaminhar as coisas para a lição de leitura.- Tirai os vossos livros-disse. Ao som de um pequeno burburinho de fechos, os livros iam aparecendo sobre as carteiras. -Vamos começar!
Dizendo isto reparou que, ao fundo da sala, estava uma aluna triste e meio desajeitada. Maria Clara perguntou:- Então Rita porque esperas que não tiras o teu livro? Rita, chorando, respondeu:- Eu não tenho livro, senhora professora, os meus pais não podem comprá-lo. O meu pai está desempregado... A professora tentando remediar o embaraço da miúda chamou.-Vem cá- Pegou num livro que tinha sobre a secretária e disse-lhe: - Pronto, não te aflijas, fica com este que te ofereço eu. Rita chorava e ria ao mesmo tempo, dizendo.-Obrigada senhora professora...
Esta ficava para ali, comovida, pensando: Que mundo este em que vivemos: Guerras,injustiças,fome. Podia ser tudo tão diferente!...
Maria Clara era sensível e sofria com os problemas que os alunos traziam para as aulas: pais separados em conflito pela tutela dos filhos, crianças mal alimentadas por
falta de meios, pais desempregados ou com baixos salários. Sentia-se impotente. Que
poderia fazer mais, do que ensinar e tratar bem os seus alunos?
Findas as aulas, esperou pela filha e foram para casa. Luis só chegava à noite.Depois
de pronto o jantar, mãe e filha foram regar o jardim. Terezinha tinha a seu cargo algumas plantas,regava com um pequeno regador. A mãe tentava serenar as emoções do dia, cotemplando as suas flores que, indiferentes estavam cada dia mais lindas.
Anoiteceu. Sentados à mesa, Maria Clara reparou que o marido estava com um ar cansado
- Terezinha, dá um beijo ao pai e vamos para a cama -Estes abraçaram-se e meia hora depois, a pequena dormia a sono solto. - Luis hoje estás muito cansado?-perguntava a esposa. - Sim não foi fácil o dia. Hoje apareceu-me lá a tia Carlota muito angustiada, a pedir: -Luis, vende-me um pão e uma garrafa de azeite que mal chegue a minha reforma eu venho pagar. Deixei agora o resto do dinheiro que tinha, na farmácia
Pois sim, tia Carlota vá descansada. Mas se isto continua assim...não sei.
Maria Clara olhando o relógio disse: É muito tarde. Amanhã é outro dia de luta.
Havia música e alegria por todos os lados, no ar subiam balões de todas as cores.As crianças faziam jogos e cantavam alegremente. Os pais embevecidos,estavam felizes! Ao longo duma sala havia uma mesa, coberta de comida. A escola estava em festa...Tudo
tinha mudado... O despertador tocou, mais um dia ia começar... Maria Clara acordou meio estremunhada e ficou pensativa. Afinal não passava de um sonho...

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