quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

TUDO ESTÀ DIFERENTE...

Tudo está diferente... O sol  não tem o mesmo brilho, as àrvores estão tristes por perderem as folhas, no ar não se ouve o canto das aves. E assim vão ficando distantes
os elfos que me alimentavam o espirito.
Apróxima-se a época das prendas, das promessas, das mentiras. É Natal!..
Para quem? Para as crianças famintas? Para os pais desempregados de cabeça perdida, sem meios para lhes matar a fome, enquanto outros esbanjam?
Só isto não está diferente... Natal, Nascimento, uma data para recordar uma criança que nasceu numa manjedoura

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

UM RECADO...

                                                      Minha querida

 Forçadas pelas leis da Natureza, e outras leis forjadas pelos homens, como a da injustiça, fomos condenadas a não nos vermos nunca mais com os olhos do corpo.
Porém com os da alma, nada nos impedirá de continuarmos juntas como sempre estivemos. Ainda que em espaços diferentes, tudo farei para te provar que continuarei
a amar-te muito.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

É bom recordar...

Dando volta a uma gaveta onde tenho guadados alguns papeis, fui descobrir quadras que fiz, quando fazia parte do gruta. ( Grupo de teatro amador)
Passaram muitos anos, mas o tema continua a ser actual. Falta de dinheiro.
      
    Para tudo é preciso jeito
    e também uma certa graça,
    eu estou aqui contrafeito
    porque o Gruta está sem maça.

    Fazer teatro é um sonho.
   Um mundo de fantasia,
   mas sem dinheiro é medonho,
   até nos tira alegria.

   Ouve lá meu Arlequim.
   Diz, minha Colombina.
   Tu já não gostas de mim?
   Eu gosto, mas dinheiro, nem patavina.

   O Gruta tem muita força,
   muita força de vontade,
   mas não tem nada na bolsa
  esta é a grande verdade.

  Artista tu és tão pobre
  mostra um pouco de  alegria,
 em arte tu és um nobre
 e também em fantasia.
 
  
    M Mendes.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A FEIRA do LIVRO.

Era uma enorme tenda recheada de grandes bancadas, forradas de panos vermelhos.
Sobre estes estavam pousados, centenas de livros desejosos de contar as suas diferentes histórias.
As pessoas entravam e saiam de mãos vazias, não era fácil compra-los com a carestia da vida.
O dinheiro é preciso  para tanta coisa... Eu estava atenta e reparei que eram as crianças que alheias a esses problemas, traziam nos olhos o brilho provocado por tanta côr.
É que os livros de contos abundavam com as mais diversas cores e fantasias... Recuei no tempo e lembrei-me dos contos que a minha  avó me contava, no canto da chaminé.
Envolta nos meus pensamentos e recordações, vi chegar uma jovem com uma pequena caixa, donde ia tirando livros e arrumando por ordem.
- Qual seria a intenção?... Aos poucos foram chegando familias com os seus filhotes para ouvir a Maria, que era contadora de histórias.
Como por encanto, tudo se transformou. Os miúdos iam representando cada personagem. Os pais encantados por verem os filhos felizes, esqueciam assim, por momentos, o sistema, e sonhavam... Porque afinal o sonho comanda a vida...



(A minha filha)
   

                                                                                     Manuela Mendes.


                                                             

quinta-feira, 31 de maio de 2012

RECORDANDO...

      Uma vida sem amor
      é como o fogo sem chama
       amar-te-ei com ardor
       espalharei a tua fama...


Silves és tão velhinha.
Quero-te bem pois então!
Mas detro do coração
muito limpa e branquinha,
tenho uma terra que é minha.
Avis se chama, é um primor.
Quero-lhe pedir um favor,
que me ame, quero-lhe dizer
que não poderei viver
uma vida sem amor.

Junto ao rio Arade e á corrente
vejo gaivotas ligeiras a voar.
Eu penso,estou a recordar...
De ti Avis, nunca estarei ausente
pois faço parte da tua boa gente.
Povo que volta, que tem fama,
assim fará quem te ama
e eu te quero amar.
Partir ficar distante e não voltar,
é como o fogo sem chama

Silves tem um castelo todo ufano.
Avis o largo do convento onde brinquei,
as ruas de calçada que eu pisei
e gente que labuta todo o ano.
Equecer-me que é linda? Puro engano!
É rica em Nobreza e tem valor.
Lembranças do meu primeiro amor,
ficaram por aí em cada canto.
E redobro o meu encanto,
amar-te -ei com ardor.

As cegonhas, as ruinas do convento,
 a rua das lajes onde cresci.
De nada eu me esqueci...
Nem mesmo do rugir do vento
que agreste trazia desalento,
do craveiro ficava só a rama
sem lenha na lareira ia cedo pr'a cama.
Hoje estou longe mas fiel, saudosa...
Por seres uma terra valiosa!
Espalharei a tua fama.






terça-feira, 8 de maio de 2012

MEMÓRIAS DO PSSADO:

Meninas atenção, a hora da vossa entrada em cena apróxima-se.
Soava assim a voz do contra-regra.
-Entrar em cena, como seria possivel, depois de tantos puxões de cabelo...?
Ao que as pessoas se sujeitam, para parecer bem...
Nunca tive bom cabelo, nem naquela idade... Eramos tres jovens a entrar em cena
para cantar uma canção que falava da Primavera e das andorinhas.
( Bem bonita por sinal.) Não eram menos bonitos os vestidos azuis da côr do céu.
Só o que não condizia eram os meus cabelos... Uma das jovens do grupo, lembrou:
Que molhar os mesmos em àgua com açúcar e enrolar  tiras de pano, eu iria ficar com uma bonia cabeleira. Não foi assim, o açúcar secou e para tirar aquela engrenagem da minha cabeça, foi preciso eu sofrer muitas dores e puxões ainda que açúcarados...
Lembro-me de parte do poema...
Uma andorinha modesta
tem um aspeto de festa,
tem encanto e emoção,
Deus ó meu Deus quem me dera,
fosse eterna a Primavera
dentro do meu coração.
E lá na aldeia,
tudo diz á boca cheia
voltou de novo alegria
mesmo ás casas pobrezinhas.
E toda a gente
compriende porque sente
o que dizem nos beirais,
as humildes andorinhas.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O mês de Fevereiro e as suas más(caras)

Voltou a vaga de frio! Não é sem razão que a maioria das pessoas, olham de cara torcida, para o mês de fevereiro. As peripécias negativas com que nos presenteia todos os anos, são a razão...
Desta vez foi a vaga de frio, e como sempre, são os mais pobres, que mais sofrem...
Já está longe no tempo o dia dois de fevereiro de mil novecentos e cinquenta e quatro.
Nesse dia trouxe neve... Recordo-me bem por ter sido o dia da minha chegada ao Algarve. As pessoas diziam:

- Que Deus nos valha, isto é o fim do mundo.

Diziam outras:- Não sei donde vem tanta neve, das àrvores já só se vê a rama, os troncos desapareceram... E assim era, estava tudo branco... O sr. fevereiro manifesta-se  sempre do seu modo. Desta vez trouxe frio e seca, a falta de chuva começa a assustar... para não falar de coisas que não gosto de relembrar...
Apesar de mais pequeno que os outros meses do ano, não é menos potente e manhoso. Como prova disso vejamos: vem munido dos dias de carnaval para disfarçar. As pessoas ansiosas duma vida mais livre e justa, aproveitam  para serem verdadeiras. Começam por tirar as máscaras que são obrigadas a usar o ano inteiro, sentindo dum modo e praticando doutro, por não poderem sair do sistema...
Fevereiro continua a reinar, deixando antes de acabar o seu reinado, umas valentes constipações. Resta-nos a esperança de que se porte melhor o seu sucessor: Março.
É de bom presságio sabermos que vem com ele a Primavera e as flores.