sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

É Natal!

O Natal é das crianças...De que crianças? De quantas crianças?Com fome não há Natal.
E são tantas as crianças vítimas da ganância...Até mesmo o encanto do Natal, vai
desaparecendo das suas cabecitas. Não é mais a vinda do menino Jesus, que deixava
as prendas,no sapatinho, no canto da lareira. Que saudades tenho do tempo em que
ingenuamente levava a olhar receosa, de que o menino se queimace, ao descer pela
chaminé, para deixar as prendas.Sempre aparecia um chocolate,umas peugas,sei lá que
mais.Mas o sonho ficava lá. Hoje fala-se do Pai Natal, das compras, da fome,dos
milhões,São coisas da crise. por razões da mesma, nem do Menino Jesus se fala no
Natal.


M. Mendes.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Ecos do Alentejo.

Ouvem-se ao longe e surdamente,
os chocalhos dum rebanho.
Aqui mais perto o coaxar das rãs.
Na minha pele sinto
uma brisa muito fina,
e a meus pés tenho um regato,
onde corre àgua cristalina.

Máis além está uma roseira,
numa das rosas
pousou uma borboleta,
suavemente, com doçura.
E eu meio embriagada
quero esquecer
que há fome,guerra...
É esta uma das formas,
de esquecer minha loucura.

M.Mendes

domingo, 5 de dezembro de 2010

MARIA POVO. ( A minha mãe )

Maria és uma tonta,
dizes que és analfabeta,
sabes tanta coisa linda
e nunca podes estar quieta.

Não sabes ler nem escrever
dizes com voz dolorida,
tu estás sempre a aprender
no grande livro da vida.

Tens uma expriêcia dura,
não digo nada de novo,
sentes orgulho e bravura
por teres nascido do povo.

Não te sintas infeliz
nem tão pouco ignorante,
és formada em amor
que nos dás em cada instante.

Para acabares com a fome
e a justiça ser maior,
os campos do Alentejo
regaste com o teu suor!

Justiça que ainda não viste,
mas não vás desanimar,
os filhos que tu pariste
continuam a lutar!


A Maria já partiu... Dedico assim a todas as ( MARIAS POVO!)


M Mendes

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A injustiça...

Meu amigo, estás velhinho,
trabalhas-te até poder
e hoje vives sózinho,
com tão pouco para viver.

Dormes num canto da rua
numa caixa de cartão,
a companheira é a lua
com quem passas o serão.

Se não vem a companheira
fica-te apenas o escuro,
resta-te numa algibeira
um naco de pão já duro.

Tens que ser forte e valente
não podes desanimar,
porque se ficares doente,
não tens meios p'ra te cuidar.

Sofro por ver-te sofrer,
não queria que fosse pior,
não sei o que hei-de fazer
para o mundo ser melhor.


M. Mendes.