segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Uma pequena história de Natal!

 Uma casa humilde, uma lareira onde ardia um pequeno madeiro... Por ironia do destino, um José e uma Maria, dois filhotes felizes porque ainda que com a barriga vazia, era uma noite diferente: Noite de Natal!
A mãe preparava o mogango, que lhe tinha dado a senhora Antónia e ela guardara para fazer os belhoses que tinha por hábito fazer na noite de Natal. O pai muito á socapa guardava dois pequenos embrulhos cújo recheio eram rebuçados de fruta. Estes estavam destinados,( logo que os miúdos fossem para a cama) a irem para dentro dos sapatos que ficavam na chaminé, onde O Menino Jesus, descendo pela mesma iria pôr os presentes. No dia seguinte, mal rompia a manhã, ninguem mais sossegava. O que estaria no sapatinho? Uma boneca? talvez um carrinho ou um pião... Mas não, ainda não tinha sido daquela vez, teriam que se contentar com os rebuçados. Talvez no próximo Natal... O tempo passa, passam os Natais,   mas uma grande  parte das crianças, não têm brinquedos, nem pão terão para comer...

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Àrvores...

Vou descobrindo que é fascinante poder fotografar as coisas de que gosto. E assim vou  estando atenta aos sinais da Natureza. Hoje é para as àrvores que vai o meu fascínio. Fotografei algumas, umas altaneiras, outras cobertas de flores oferecem ao transeunte o seu perfume. Mas sobre as que não posso deixar de fazer  o meu comentário, são as azinheiras espalhadas pelo Alentejo! Recordam-me o que vivi em criança sob a sua sombra, ficando atenta ao murmúrio que fazia o vento envolto nos seus ramos, assim como o bulício das aves voando dumas para as outras, formando pequenas e belas melodias...     

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Contraste...

Olhai o vagabundo que nada tem
e leva o sol na algibeira,
quando a noite vem
pendura o sol na beira de um valado
e dorme toda à noite à soalheira.

Pela manhã acorda tonto de luz
vai ao povoado e grita,
quem me roubou o sol que vai tão alto,
e uns senhores muito sério rosnam
que grande bebedeira!!!
E só à noite se cala o pobre,
atira-se para um lado e dorme.

Porquê?...




Do Retertório de Baco Bandeira.

Contrastes.


quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Divagando...



Sempre gostei de cegonhas, Talvez porque tive a dita de as observar de perto, desde muito nova. Indiferentes à crise e aos conflitos e injustiças, que cada vez há mais entre os homens, são bem uma força da Natureza...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Mudam os tempos...

Mudam os tempos, mudam as vontades, em tempos passados eram os passarinhos que facultavam aos humanos um delicioso arroz. Agora são os humanos que dão arroz aos passarinhos...

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Final de eleições...

 Acabou o circo, os actores tiram as máscaras de palhaços e desmancha-se a tenda das ilusões... Os chefes  usam máscaras de boas pessoas e caminham, não há tempo a perder. Vão haver novos espectáculos, em cada Vila ou Aldeia onde esperam os espectadores ansiosos, ignorando porém, que são eles próprios que vão entrar em cena. Uns no trapézio, outros no arame e ainda, domadores de feras onde as mesmas saiem sempre vitoriosas... Mais trambulhão menos trambulhão, os chefes com máscaras de boas pessoas, ordenam que se caminhe... Deste modo vão certamente voltar os velhos titres da miséria, onde os actores, são simples bonecos de pano...

Ilusão...


Onde Sancho vê moinhos
D Quixote vê gigantes

Vê moinhos?- São moinhos.
Vê gigantes?-São gigantes.

Como escreve Saul Bellow.
Muita inteligência,
pode ser investida na ignorância,
quando a necessidade de ilusão é grande...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Impressão Dígital.

Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns,
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros com outros olhos
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos,diz flores,
de tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luta e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros, gnomos e fadas
num halo resplanddecente.

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes,
cada um é seus caminhos,
onde Sancho vê moinhos.
D Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.


Poema de Antonio Gedeão.




M.Mendes.

segunda-feira, 21 de março de 2011

21 de Márço, dia da Poesia

Se soubeces meu amigo
a vontade que tenho
de falar-te.
Da minha ternura,
da minha razão,
mas não...
Fica-me a voz
presa na garganta,
a boca amarga,
nem sei mesmo
se é uma pedra
que tenho em vez
dum coração.

Sempre estivemos
e continuamos a estar
desencontrados,
culpados não seremos
nem tu, nem eu.
Foram diferentes os espaços
em que fomos criados,
temos um fado triste
que nos perdeu,
e agora assim perdidos
vamos achando
os nossos desencontros.



M. Mendes.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Encontros!

Afinal o que é a vida senão o resultado de múltiplos encontros,ou a ausência dos mesmos?A vida não é o resultado final de uma série de encontros que nos direcionam e dão sentido a essa própria vida? Esta será tanto mais rica quanto o forem os encontros
que a regulem.( Mestre, são palavras suas no Águia, e aqui estou para testemunhar e agradecer, um encontro que me deixou a concorrer em jogos Florais,com os quais ganhei alguns prémios, que me fizeram feliz. Sem esse encontro com o mestre, não teria sido assim. Obrigada! As coisas estavam cá dentro, mas faltava a coragem...
O que leio sempre primeiro no Àguia,são as suas entrevistas, os seus encontros com aqueles que não têm coragem. Indiferente aos 40 gráus de calor ou ao frio, o amigo está lá e deixa que falem dos seus desencontros, que digam aquilo que foram acumulando com os maus tratos da vida.)
Avis tem um estranho sortilégio.( Continuam a ser palavras suas,) Avis é daquelas terras a que uma pessoa se afeiçoa quase por obrigação, enleia-nos de um modo tal que não podemos fugir dela. Ainda não sei que sereia me cantou ao ouvido, que encantamento foi este. Às vezes dou comigo a passear à noite sozinho pelas ruas deste burgo.( Entre outras, fala da rua do convento,da Igreja Matriz,rua dos arrabaldes, vislumbrando do outro lado da barragem a Senhora mãe dos homens.( E continua:)Sinto uma enorme vontade de poder dar um salto de gigante e ficar sentado à sua porta, simplesmente ouvindo os rouxinois nos silvados vizinhos. E assim vou vivendo este amor enfeitiçado por uma terra que me obrigou a trocar a minha verdadeira origem por ela.Sinto-me Avisense, não enteado mas filho.( O que talvez desconheça, é que escrevendo assim, não passeia sozinho pelas ruas, mas sim acompanhado de muitos Avisenses que se encontram distantes e sentem o mesmo encanto por Avis onde passaram a sua meninice)Viajar pelo concelho de Avis é sempre um bálsamo para o corpo e um conforto para o espírito.( São palavras suas no último jornalinho Águia. Sim é desse bálsamo e conforto que partilhamos através da sua forma de escrever.


M. Mendes.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ao ler uma revista por acaso.

Estando a ler uma revista, deparei com uma história da autoria do jornalista João Miguel Tavares e fiquei sensibilizada, não resistindo á ideia de a transcrever.
Começava assim:- A minha avó Maria.
A minha avó Maria morreu aos 90 anos sem ver o mar. Sem ver Lisboa. Sem praticamente sair da terra onde nasceu e sempre viveu. Era uma mulher extremamente afectuosa, mas de um outro tempo,onde imperava a simplicidade de procedimentos e uma forma descomplicada de olhar para a vida,que se foi esgotando na entrega ao trabalho, ao marido, aos filhos,aos netos, sem que houvesse necessidade de reflexões existenciais ou grandes conversas pelo meio.Como ela morava numa aldeia a 10 quilómetros de Portalegre,eu era apenas visita de sestas-feiras à noite, e bem vistas as coisas foi isso que sempre fiz ao longo de trinta anos: visitá-la, perguntar-lhe como passava, gastar meia hora em conversa de circunstância,dar-lhe um beijinho de despedida,(agora tenho mesmo de ir) por causa disto ou daquilo. No fim das visitas,ela fazia sempre questão de ir ao porta-moedas entregar-me uma notinha ou uma moeda,um pequeno acrescento financeiro à complacência com que me deixava roubar pastilhas gorila da montra da sua mercearia quando eu era mais pequeno. Foram assim as visitas com os meus pais nos anos 80, depois com a minha namorada nos anos 90, a seguir com a minha mulher nos anos 2000,finalmente com os meus filhos, um, dois, três, sempre que ia à terra. Até ao fim.
Hoje olho para trás e questiono-me o quão distantes podemos estar de pessoa que nos estão tão próximas. Afinal,que soube eu desta mulher, que colocou luto cerrado quando o seu marido morreu,pouco depois de eu ter nascido,e que sempre conheci vestida de preto, da cabeça aos pés? Que soube eu das suas ambições, dos seus sonhos mais secretos, daquilo que gostaria de ter sido no mais intimo de si?Nada, na verdade, porque a minha avó sempre foi para mim uma espécie de rotina sentimental, um amor adquerido que simplesmente existia. Ali estava ela, na casa de sempre, no sofá de sempre, recebendo-me da mesma forma jubilosa quando me via entrar- ( ai, meu querido filho!)- e despedindo-se com uma saraivada de beijos que só cessava quando eu decidia que era hora de libertar as minhas bochechas.
Quando expliquei ao Tomás que a bisa Maria tinha morrido, ele perguntou: ( Aquela que me dava smarties e moedinhas?)Sim´, Tomás, essa mesmo. A tua bisa Maria. Aquela que passou a sua vida a dar smarties e moedinhas áqueles que a rodeavam-porque dar era só o que sabia fazer.

Deixo ao critério de quem ler, com a certeza de que houve e continua a haver, muitas bisas Marias...



M Mendes

domingo, 30 de janeiro de 2011

Roubar a última hipótese...

A chuva continuava a cair.Haviam muitas semanas que o sol não espreitava a nova casa...José começava a ficar de cabeça perdida, não sabia mais que fazer. Nem ele nem sua mulher podiam trabalhar devido ao mau tempo. Estavam cheios de dívidas e tanto eles como os filhos precisavam alimentar-se.
Naquela manhã tomara uma decisão, ir roubar algo que trocasse por dinheiro para com ele comprar alimentos. Quanto isto lhe custava...José era um homem honesto!
-Não eu não posso fazer isto- pensava.-Mas que vou fazer? Lembrou-se, que não muito longe da sua casa ficava o posto da GNR. O Cabo Lopes era uma boa criatura,homem recto
e justo. Porque não ir falar com ele e contar-lhe o seu propósito? E assim fez.
- Sr Lopes estou de cabeça perdida sem nada onde pôr olhos, não sei mais o que fazer, estou decidido a ir roubar...-Tenha calma homem,vamos ver o que podemos fazer.Vá para casa e aguarde que eu o mande chamar,-respondeu este.
O Cabo Lopes, nessa mesma tarde procurou estar com o senhor Presidente da Câmara,que era um dos donos da vila e arredores e pô-lo ao corrente da situação da maioria dos habitantes da mesma.Havia que fazer qualquer coisa...Por intermédio deste mesmo lavrador, foram informados outros, era preciso ter cautela, eram estes mesmo rabalhadores que os serviam o ano inteiro...Na manhã seguine graças à coragem e honestidade de José e ao zelo do Cabo Lopes, tinham à sua disposição,(não só o José como todos os outros trabalhadores na mesma situação)alguns mantimentos para os dias mais próximos: Azeite,batatas,feijão, tudo aquilo que eles mesmo tinham semeado em troca de uns miseros escudos e que sobejava nos celeiros dos donos da Vila e arredores.
O José já partiu à muito... Mas eu sou uma filha muito orgulhosa...


M. Mendes.