domingo, 31 de outubro de 2010

O Espantalho Sonhador

Era uma vez um pardal e um espantalho que assim dialogavam:
-Olá Espantalho!-chamou o pardal.
- Quem me chama?- Respondeu o Espantalho.
- Sou eu, o pardal da macieira.
- Aquele de quem devo ser inimigo?
- Inimigo porquê? Eu nunca te fiz mal.
- Sim, mas são as ordens que recebo do meu dono. Espantar-te para bem longe.
É por isso que me chamo Espantalho!
-O que para aí vai,tudo isso porque de vez enquando eu lhe como uma espiga, ou debico uma couve. Mas se eu não comer não cresço, fico sem força para cantar, voar.
-Disses-te cantar? Como eu gosto de te ouvir, a ti e aos teus irmão.
E como isso me faz bem.
-Estou sempre triste, sou feio, ninguém gosta de mim.
-Alto lá! Eu quero ser teu amigo, dou-te assim o que tenho para dar, as minhas melodias.
- Sim tens razão,são os sons o que me tráz algum alento. Do lado do vale também oiço dia e noite uma música que me encanta. Mas como nunca daqui saí... Não sei...
-Sei eu! É a voz dum pequeno regato onde corre àgua muito limpa. É lá que eu vou beber todos os dias,sempre que tenho sede.Ele é meu amigo,não se importa que beba.
-Como eu gostava de o conhecer-disse o Espantalho.
- Espera um pouco, eu volto já-disse entusiasmado o passarito, ao mesmo tempo que voava- voltando não só ele, como um bando de outros passaritos iguais a si, que assim chamavam:
-Espantalho! Espantalho!
-Que creis de mim?
-Levar-te a ver o regato e outros campos verdinhos como este.
-Mas como fazeis isso?- perguntou o Espantalho.
-Juntos e amigos, somos mais fortes. Eu fui buscar os meus irmãos e assim preso nos nossos bicos podemos fazer-te feliz.
Assim partiram pelos campos fora ao som da voz do Espantalho, que alegre dizia...
- Que lindo, que lindo é o mundo. Meus amigos obrigado, obrigado...


M.Mendes.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Conto Infantil : O Ratinho Vermelho

Era uma vez um ratinho vermelho,uma Caixa de Música, e um Pierrot que se encontraram.
A caixa não sabendo expressar-se doutra maneira, perguntou ao Pierrot em acordes músicais:
- Estás triste?- O Pierrot respondeu:
-Estou a sonhar!- A sonhar? mas tu estás acordado.
-Sabes é que eu sou mesmo assim,esqueço tudo que é mau e ponho-me para aqui a sonhar com enormes campos todos em flôr, com o luar, o sorriso duma criança e quantas coisas mais...
-Esqueces-te a música!Há lá coisa mais sonhadora que uma bonita melodia?
-Tens razão.-Respondeu o Pierrot: vamos ficar senpre juntos, queres? Eu com o meu sonho e tu com a tua música...
O Ratinho Vermelho que até ali estivera escondido, resolveu aparecer dizendo:
-Quem não cai nessa sou eu. Se não estivesse atento, a esta hora já estaria na barriga de algum gato. Também é preciso ter imaginação e esperteza. Se não oiçam:
-Eu não passava de um humilde Ratito desconfiado e medroso, pudera... Para qualquer lado que me virace,lá estavam a brilhar os olhos dos gatarrões ou muito discretas as senhoras ratoeiras para ver se eu caía. Então pensei: Tenho que pôr a funcionar a minha imaginação...Procurei, procurei e vejo num canto da arrecadação onde tinha pernoitado, uma lata de tinta vermelha. De um salto, mergulhei nela e como que por encanto ou magia, passei a ser ( O Ratinho Vermelho.) Agora são os gatos que fogem de mim, as crianças brincam comigo e já não fogem.
- Então que me dizem? Onde estaria eu se ficasse pelos cantos só a sonhar...
-Que linda a tua história, dizia a Caixa soltando suaves sons músicais.
-Ratinho Vermelho, também tu vais ficar junto a nós,-dizia o Pierrot. Assim teremos sonho,música e imaginação e o mundo irá mudar...




M. Mendes.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A Quinta do Pinheiro...

Já está distante no tempo, mas ainda muito perto na minha mente...
A Quinta do Pinheiro, Era um local lindo,onde passei algum tempo da minha infância.
Recordo-me que junto da fonte, donde corria permanentemene uma àgua muito fresca, havia por todo o lado roseiras de todas as cores. O perfume das suas rosas, era tão rico que não apetecia sair da sua beira... À entrada duma enorme vinha, onde as árvores de fruta também abundavam,passava eu grande parte do meu tempo,é que nesse mesmo local, estava situada uma grande coelheira e eu gostava imenso de ver as cabriolices dos coelhitos mais novos.Os meus pais assim como outros trabalhadores, iam tratar das vinhas, vindimar e até fazer o vinho. Lembro-me de ver o meu pai, tios e avô com as calças arregaçadas até ao joelho, pisando a uva donde ía saindo um líquido escuro...
Outra coisa que muito me alegrava, era quando a minha avó me incumbia de ir ao galinheiro fazer a recolha dos ovos. Missão que cumpria com muito cuidado não fosse haver gemada... Meus avós eram caseiros nessa mesma quinta onde quase toda a minha familia trabalhava o ano inteiro. Iamos para lá segundas de manhã e voltavamos ao sábado para casa que era em Avis. Na rádio havia então a Emissora Nacional, onde num programa para gente miúda era contado um conto todos os sábados à tarde, razão porque eu desejava que chegasse a hora de voltar e poder satisfazer a minha fantasia de criança! Ouvir um conto.Lá em casa não havia telefonia, razão porque mal chegava me enfiava na casa duma vizinha onde havia rádio, para quase sempre ouvir a locutora dizer:( Assim terminamos a nossa história queridos amiguinhos, até para a semana) Lá ficava eu toda amargurada,vendo assim desfeito o sonho duma semana inteira... Afinal não eram mais que sete ou oito ans de idade.
Se recordar é viver...


M. Mendes.

domingo, 17 de outubro de 2010

Arranjo de Provérbios...

Quanto mais fala mais erra +
depende do que se diga,
se falarmos contra à guerra
a fala não é perdida.


Ergue tua voz e canta
nesta constante labuta,
quem canta seu mal espanta +
e a cantar também se luta.


Quem não trabalha não come +
diz-se isto assim no rifão,
o trabalho me consome
e nem sempre tenho pão.



Escutas-te à minha porta
não é gesto que se louve,
isso a mim pouco me importa
quem escuta de si ouve. +


àgua mole em pedra dura +
segundo diz o ditádo
tanto dá até que fura +
ás vezes sem resultado.


Saudades quem as não tem +
do tempo em que foi criança
mesmo sem ser tudo bem
havia sempre uma esperança.


Esta vida são dois dias +
que bem mal passados são,
uns vivem de fantasias
e outros nem têm pão.


Luar de Janeiro é o primeiro +
a echer a terra de luz,
vem o de Agosto que lhe dá no rosto +
e à beira mar nos conduz.


Na casa onde não há pão +
é muito triste viver,
todos ralham ninguém tem razão +
passa-se a vida a sofrer.


M Mendes.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Recordando...

Ao longe ouvia-se o som dos machados que arrancavam dos sobreiros a cortiça, deixando-os mais leves. A tarde caía. Pequenas cabanas feitas de madeira e junco,substituiam as casas dos trabalhadores e de suas familias. No ar andava um cheirinho a comida que fazia crescer àgua na boca. Era um dos cozinhados de Laurinda. Desta vez, o jantar era peixelim, pimentos, e tomates fritos.( Pitéu este, muito apreciado pela familia.)
José carregava um braçado de lenha que iria pondo sobre uma grande fogueira e era à luz da mesma, que decorria a sessão de leitura. Findo o jantar, começavam a apróximar-se do local os trabalhadores.Quando todos estavam presentes, José chamava:
-Maria, vai buscar o livro filha...
Esta numa corrida entrava na cabana e saia trazendo na mão um pequeno livro,cujo título era. ( As Aventuras do Capitão Morgam)Depois do pai marcar as páginas que iriam ser lidas naquela noite, Maria começava sem sacrifício, e sem se apreceber que há sua volta, estavam um grupo de homens famintos culturalmente, pelo seu analfabetismo, ficando assim dependentes duma miúda em idade escolar.Durante a safra, repetia-se assim todas as noites... O Capitão Morgam era um personagem corajoso e valente... Não eram menos fortes os homens que ouviam a hitória. Eram sim vítimas, das desigualdades criadas, por outros homens seus semelhantes...



M Mendes.