quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Recordando...

Ao longe ouvia-se o som dos machados que arrancavam dos sobreiros a cortiça, deixando-os mais leves. A tarde caía. Pequenas cabanas feitas de madeira e junco,substituiam as casas dos trabalhadores e de suas familias. No ar andava um cheirinho a comida que fazia crescer àgua na boca. Era um dos cozinhados de Laurinda. Desta vez, o jantar era peixelim, pimentos, e tomates fritos.( Pitéu este, muito apreciado pela familia.)
José carregava um braçado de lenha que iria pondo sobre uma grande fogueira e era à luz da mesma, que decorria a sessão de leitura. Findo o jantar, começavam a apróximar-se do local os trabalhadores.Quando todos estavam presentes, José chamava:
-Maria, vai buscar o livro filha...
Esta numa corrida entrava na cabana e saia trazendo na mão um pequeno livro,cujo título era. ( As Aventuras do Capitão Morgam)Depois do pai marcar as páginas que iriam ser lidas naquela noite, Maria começava sem sacrifício, e sem se apreceber que há sua volta, estavam um grupo de homens famintos culturalmente, pelo seu analfabetismo, ficando assim dependentes duma miúda em idade escolar.Durante a safra, repetia-se assim todas as noites... O Capitão Morgam era um personagem corajoso e valente... Não eram menos fortes os homens que ouviam a hitória. Eram sim vítimas, das desigualdades criadas, por outros homens seus semelhantes...



M Mendes.

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